André Ribeiro Pires, COO do Clan, explica como o recrutamento mudou e como a empresa que lidera se transformou para estar na linha da frente. Aconselhamento a empresas e uma plataforma à medidas das suas necessidades, que permite prever necessidades e dar respostas cada vez mais rápidas, são ferramentas que já tem. E garante que clientes já o procuram para saber que perfis se lhes adaptam melhor.
Digital e conectada, com novas ferramentas que permitem fazer, a todo o momento, o match perfeito entre empresas e os perfis que procuram, seja em que parte do mundo for. A Multipessoal abraçou a vertente de comunidade e vê-se precisamente como agora se chama: “Somos um clã”, resume André Ribeiro Pires. Em entrevista ao SAPO, o chief operating officer do Clan, resultado da transformação profunda que a empresa de recursos humanos (RH) desenvolveu, explica a razão da mudança e as suas vantagens, fala da crise de talento e da imigração necessária e explica como a Inteligência Artificial já está a mudar o emprego.
Esta mudança de Multipessoal para Clan não é mera cosmética, é uma alteração profunda que a empresa quis empreender. Porque é que isto acontece?
Na verdade, é uma consequência. É consequência de termos decidido investir na transformação da organização. Nós viemos de uma realidade muito tradicional, do papel, de as pessoas irem à loja procurar emprego — muitas vezes, eram as próprias empresas a querer que tivéssemos uma presença física, mas era necessário pôr isso em causa, porque as próprias pessoas mudaram. As pessoas procuram emprego de forma completamente diferente. Há um site onde se consegue ver os sites de há dez ou 20 anos, um wayback machine e eu quando vim para cá trabalhar mostrei um anúncio nosso de há 25 anos e um atual e de forma completamente provocatória perguntava qual achavam que era qual. E era curioso porque eles eram muito semelhantes, se não totalmente iguais. Isto acontecia connosco como com qualquer outra empresa: estávamos a tentar contratar os filhos ou netos daquelas pessoas como se contratava há 30 anos. Tínhamos mesmo de mudar — não era porque eu dizia, mas porque, efetivamente, todos nós hoje procuramos ter suporte, acesso, seja para comprar serviços seja para procurar emprego, de uma forma completamente diferente. Então a ideia foi um pouco fazer essa mudança, envolvendo as nossas pessoas, porque era preciso manter uma cultura de 25 anos, havia processos que tinham de ser mantidos… Ou seja, não era só chegar mais rapidamente às pessoas. Era muito, muito mais do que isso.
Então ser Clan é consequência dessa necessidade de envolver todos?
Sim, e porque após este conjunto de mudanças o próprio nome da empresa não fazia sentido, era muito distante e muito associado à parte da gestão do pessoal. Hoje já nem falamos em pessoal… E a ideia foi essa, foi sistematizar o processo, otimizar, procurar estar mais próximo daqueles que nos procuram, sejam candidatos, colaboradores ou clientes.
E onde é que essa mudança se vê na prática?
A primeira parte foi mesmo humanizar a relação, perceber que do lado de lá está alguém que precisa de ajuda e que nós temos de estar prontos quando somos precisos. Era muito normal numa empresa como a nossa haver uma fase do mês na qual era muito difícil atender colaboradores ou estar com mais disponibilidade — era o processamento salarial, um conjunto de tarefas muito complexo para uma estrutura com 10 mil colaboradores. E aí veio a primeira mudança, no sentido de fazer um conjunto de alterações para que as pessoas, se precisassem de nós naqueles períodos, terem resposta. Uma parte disso veio pelo self-service, pelo digital, por conseguirem mais facilmente aceder a respostas que antes não conseguiam, especialmente falar com alguém. E outra foi haver sempre alguém disponível para falar com os colaboradores, profissionalizou-se a relação com os colaboradores.
Porque vocês estão sempre no meio dessa relação, ou seja, vocês recrutam e mantêm a relação depois do recrutamento.
Sempre, sim. E há um momento em que, por exemplo, é preciso esclarecer um tema com um recibo de vencimento. Isso no pico era difícil de dar resposta em tempo útil. Agora há sempre uma equipa especializada no atendimento de colaboradores, pronta para quando é preciso dar essa resposta, seja proativa seja reativamente. Essa foi uma das mudanças e nem passou por grandes transformações digitais, nem há nada do género, foi simplesmente pensar como as pessoas que estão de lado lá e antecipar aquilo que elas esperam de nós, ouvi-las e dar essa resposta. E depois, obviamente, começar a montar os processos alinhados com isso, porque isso obrigou-nos também a trabalhar de forma diferente. Antigamente, era uma pessoa que fazia tudo — recrutava, acompanhava os clientes, acompanhava os colaboradores— e nós pusemos cada um a fazer a sua parte, ou seja, há pessoas que são só especializadas a fazer sourcing, há pessoas que são só especializadas em relações com colaboradores, e entre estas algumas que são só especializadas em contacto e outras que tratam temas de colaboradores, que acompanham os clientes… São equipas também profissionais nesta parte do acompanhamento do cliente, mas muito mais numa parte técnica, ou de prever e satisfazer necessidades de recrutamento, de saber construir a proposta de valor dos clientes para conseguir atrair talento, para resolver os temas mais curriculares.
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